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VENTO NORTE

O século XX

foi o século das ditaduras. 

Mas antes de Hitler, Mossulini e Franco, 

Gomes da Costa institui

a ditadura militar

em Portugal. 

O regime iria sobreviver

por 48 anos com Salazar

aos comandos.

 

Tudo começou em 1926,

em Braga.

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Conceito: Série de época, na linha de séries como Downtown Abbey ou Upstairs Downstairs, que conta a história de uma família aristocrata do Minho, em paralelo com a história dos seus criados, nos anos que se seguem à I Grande Guerra e que antecipam e originam o Golpe Militar de 28 de Maio de 1926 que institui a Ditadura Militar, mais tarde Estado Novo.

Temporadas: 10x45’

Ideia e desenvolvimento: Almeno Gonçalves, João Lacerda Matos, Raquel Palermo e João Cayatte.

 

 

Julho de 1919. Tomaz Mello, 22 anos acabados de fazer, chega finalmente a casa dos pais, em Braga. É o fim da sua aventura no Corpo Expedicionário Português. Embora o Armistício tenha sido assinado há mais de meio ano, para Tomaz a viagem de regresso dos campos da Grande Guerra foi penosa e irá marcá-lo para sempre. Foi gaseado. Os pulmões corroídos pelo gás mostarda nunca mais irão recuperar. Partiu um jovem cheio de esperança e de vontade de servir o seu país e voltou um homem derrotado.

O regresso de Tomaz é um momento marcante para a família Mello, em especial para o patriarca, Afonso. Depois da derrota com a Implantação da República vê agora o resultado das políticas irresponsáveis de Lisboa minarem o futuro dos Mello. O seu filho varão, herdeiro da fortuna e das propriedades, é um homem destruído. 

Afonso era amigo do Rei D. Carlos e nunca se recompôs com a revolução republicana, vive na nostalgia desse tempo. Apesar do revés republicano, Afonso não perdeu poder e continua muito bem colocado entre a elite dominante minhota. Tem relações próximas com o Arcebispo de Braga.

A Família e a Igreja mantêm, desde sempre, uma ligação de fidelidade e de apoio mútuo. Ligado aos principais empresários da região, que fizeram a transição para

o novo regime, mantém-se entre os que, de uma maneira ou de outra, continuam

a ditar o rumo da região e olham com desconfiança para o que se passa em Lisboa.

A I Grande Guerra foi para este patriarca o exemplo de tudo o que está errado na República. O filho mais velho, Tomaz, voluntário no Corpo Expedicionário Português contra a sua vontade, é apenas o exemplo mais próximo e doloroso. Mas a situação em que o país se encontra em 1919 vai ser a semente para que Afonso se envolva com as mais altas esferas de uma conspiração que começa a nascer no norte do país e que em poucos anos resultará no Golpe que instaurará a Ditadura Militar

e posteriormente o Estado Novo.

Vento Norte é a história das raízes de uma mudança profunda, do golpe militar que instaurou uma das primeiras grandes ditaduras europeias, vista pelos olhos de uma família abastada de Braga. As personagens, os membros da família e os seus empregados contam-nos as suas histórias, ao mesmo tempo que acompanhamos

o desenrolar dos acontecimentos que vão culminar no golpe de 28 de Maio.

Conta-nos também a história dos anos 20 em Portugal. E de um período, entre golpes, em que Lisboa viveu a loucura da época.

É através da filha do meio dos Mello, Margarida, que viajamos até Lisboa. Com uma forte veia artística, que a mãe, também nascida na capital, fez questão que ela desenvolvesse, Margarida vive na Lapa, em casa da avó materna, que deveria tomar conta dela e garantir a sua educação dentro dos padrões clássicos e religiosos de uma família do Norte. Mas Margarida é uma rebelde, depressa fica imersa na cultura urbana de uma Lisboa a despertar da revolução republicana e cheia de vida. Em vez de estudar, Margarida deixa-se seduzir pelos prazeres da cidade. Tem contacto com a cocaína, a droga da moda, e envolve-se em relações fugazes com homens que os pais nunca aprovariam. Vive a fundo o fogacho dos loucos anos 20 que brota na capital do país, cansada de revoluções e marcada pela Guerra. Até que, com

o regresso do irmão e a sua incapacidade física para dar continuidade ao nome da família é chamada a Braga. Para ela é como se viajasse para trás no tempo. Um golpe tremendo na sua vida, que vai deixar marcas profundas.

Afonso e Isabel, a mãe de Margarida, apaixonaram-se. Mas Isabel nunca se sentiu em casa em Braga. O excesso de religião, de padres e de missas oprime-a e quase nunca deixa o solar para vir à cidade.

Um jovem de Braga, Adolfo, bem colocado na hierarquia militar local e com muita proximidade a Gomes da Costa, galanteia-a e isso agrada a Isabel, colocando em causa o equilíbrio familiar.

A completar a família, o filho mais novo, Ricardo, de apenas 18 anos. Escapou à guerra e tem uma postura completamente diferente dos irmãos. Muito conservador, ligado à igreja, esconde a sua homossexualidade nos salmos e nas penitências, que lhe acalmam a alma, e no futebol, que lhe acalma o corpo. Reúne-se com os seus amigos estudantes para jogar à bola e vai acabar por fazer parte do grupo fundador de um clube de futebol. O pai detesta que ele se dedique a um “desporto de brutos” e proíbe-o de jogar.

Mas para Ricardo, o futebol é uma forma de estar com os amigos e de estar longe do pai. Por isso, sempre que pode escapa-se, com a ajuda dos empregados,

que o conhecem desde que nasceu e com quem tem uma relação muito mais próxima do que com os pais.

 

O Solar dos Biscainhos

A par da vida dos Mello, os seus segredos, dramas pessoais e ambições, acompanhamos também a vida dos empregados. São eles que garantem

o funcionamento da casa e o conforto dos patrões e constituem uma comunidade paralela aos aristocratas.

Dividem-se entre os empregados de casa e os das propriedades e vivem existências quase paralelas. Mas os tempos estão a mudar e as relações hierárquicas entre patrões e empregados e entre os próprios empregados estão a evoluir.

A criada de quarto, Joana, vai ser a primeira a aperceber-se disso quando se torna enfermeira de Tomaz e vai acabar por se apaixonar por ele. Para Tomaz, Joana é a única a quem pode confiar os seus pesadelos da guerra e o trauma profundo de ter sido feito prisioneiro. E também o facto de ser virgem e de não querer deixar esta vida sem conhecer o prazer de estar com uma mulher. Joana será a primeira. E desta relação resultará um bebé, o futuro dos Mello.

A governanta, Arminda, manda em tudo na casa e sabe de todos os segredos,

da patroa e dos filhos. É uma verdadeira força da natureza, que tudo comanda da cozinha, com mão de ferro. A sua astúcia vai fazê-la perceber a paixão de Joana

e Tomaz. Mas não percebe a conspiração que se está a desenrolar debaixo do seu comando e que pode mudar o rumo da família, da região e do país.

Em casa vive ainda Virgínia, de 40 anos. Costureira e engomadeira, trata de tudo

o que são as roupas da família. Solteira, é nos livros que encontra a satisfação para os seus anseios mais românticos e carnais. Perde-se em sonhos eróticos com cavaleiros medievais e heróis de capa e espada. Tem uma paixão secreta pelo feitor, que nunca conseguirá consumar. Religiosa, acompanha Arminda na missa e aproveita sempre

a visita do Bispo e dos padres para confessar os seus pecados da carne.

 

Os trabalhadores

O feitor João, fiel ao patrão e às ideias monárquicas, mas muito vulnerável a ideias totalitárias é um homem prático e obediente. Vive no solar com as filhas, Albertina

e Maria, que com a mãe, Josefa, cozinheira da casa, formam um núcleo tipicamente rural e português, onde as pessoas são simples mais honestas e carinhosas, em contraste com a família aristocrata.

A chegar ao solar, na mesma altura do regresso de Tomaz, está Apolónio, galego, um jovem de espírito livre, ligações aos anarquistas e comunistas da Galiza, que vem para Braga e para junto da família Mello, com o plano de preparar um atentado ao Arcebispo de Braga, que coloque os anarquistas galegos nas bocas do mundo. Deixa para trás a sua família, na Galiza. A mãe, religiosa, não aguentaria se soubesse o plano maquiavélico em que Apolónio está envolvido, e em que é apenas um peão.

Apolónio consegue trabalho como condutor de carroças e ajudante do feitor do solar e vai aproximar-se da família, em especial de Margarida. Essa proximidade vai pôr em causa a sua dedicação aos ideais anarquistas e à missão que o trouxe

a Braga. O amor vai falar mais alto que a ideologia, mas vai colocar Margarida numa situação muito perigosa.

 

A cidade

Braga é também protagonista em Vento Norte. A cidade com as suas contradições, os trabalhadores agrários, os operários da indústria têxtil, as prostitutas, os padres

e a pequena burguesia, circundam as histórias das personagens centrais e entram

no mundo do solar.

 

O Clube local é o local privilegiado para Vargas, industrial, fazer os seus negócios.

É também lá que Adolfo começa as primeiras conspirações que irão levar á formação de um movimento militar que irá derrubar a I República.

A par com o clube e a Igreja, onde o padre Mário tenta combater o laicismo do novo regime com uma abordagem clássica mas acessível, o Café 4, bordel mais afamado de Braga, alberga entre outras, Mariana, uma jovem com um passado ligado a Afonso Mello e que se revelará uma mulher ambiciosa e capaz de fazer tremer uma das famílias mais honradas do Minho.

Partindo das histórias dos Mello, traça-se um quadro de um Portugal a acordar

de uma revolução e de um conflito mundial que deixou a economia de rastos e os políticos muito mal cotados junto da população, criando o terreno fértil para

o germinar de pensamentos absolutistas e soluções extremas.

 

Figuras históricas

Gomes da Costa é uma personagem na sombra. Através de Adolfo ficamos

a conhecer melhor os anos que antecederam o 28 de Maio e a forma como foi apoiado por diversos sectores da sociedade, em especial das classes privilegiadas.

Outras figuras históricas como Salazar ou Maria Adelaide Cunha também partilham as suas histórias em Vento Norte.

O cinema, através de Leitão de Barros e de um jovem ator com muitas ambições chamado Manoel de Oliveira, aparecem pelas mãos de Margarida, mulher, cineasta e rebelde, que através da câmera dá um ângulo pessoal às histórias

de família e às conspirações.

Vento norte é também um romance histórico, rico em intriga e em drama.

Uma visão de um Portugal à beira da Ditadura, em plenos anos loucos, em que tudo parecia possível.

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